Tempestade Bacteriana

Em junho de 2010, uma chuva de granizo com pedras de mais de cinco centímetros de diâmetro no estado de Montana, Estados Unidos, levou a uma descoberta singular: bactérias podem ser as responsáveis pela formação de chuva, neve e granizo. “Estava no campus da Universidade [Estadual de Montana em Bozeman, nos Estados Unidos] quando começaram a cair estas pedras enormes, quebrando janelas. Coletamos-as e analisamos o que havia no centro delas e encontramos bactérias”, explicou Alexander Michaud, durante teleconferência para apresentação da pesquisa no 111° Encontro Geral da Sociedade Americana de Microbiologia, que termina nesta terça (24) em New Orleans, Estados Unidos.


As pedras de gelo foram divididas em quatro camadas, derretidas e tiveram sua composição analisada separadamente. Quanto mais os Michaud e seus colegas chegavam perto do núcleo do granizo, mais bactérias encontravam. “Elas estavam vivas, embora não fosse necessário que isto acontecesse para que pudessem formar o granizo”, explicou Brent Christner, da Universidade Estadual da Louisiana, que também participou do trabalho. 

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A presença delas na região atmosférica a partir da qual se forma o granizo é um indicador de que elas podem ser uma das responsáveis por sua formação. “O que podemos afirmar neste momento é que as bactérias tiveram parte na criação deste granizo. Agora o quanto importante é isto em escala global não sabemos ainda”, afirmou Christner.


Normalmente, minerais e outras particulados são considerados os responsáveis por aglutinar as partículas de água presentes nas nuvens até que elas fiquem grandes o suficiente para se transformar em chuva, neve ou granizo. Para que isto aconteça, no entanto, a água precisa estar a uma temperatura muito menor do que a existente normalmente nas nuvens. Ou seja: em teoria os minerais não deveriam ser os responsáveis por criar os núcleos que dão origem à chuva, ao gelo e ao granizo. A chave pode estar nas bactérias. “Conhecemos apenas 1% dos micróbios que são capazes de criar estes núcleos. Os 99% restantes precisamos descobrir ainda”, explicou Christner.

Pedro Lemos

Doutorando em química.

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